Eu tenho dois tipos de loucura. Uma é divertida, a outra é o caos. Entre elas há uma linha tênue, e eu preciso estar atenta para alimentar a loucura correta.
É que às vezes eu me distraio. Entre paixões e solidões cotidianas. Entre as vozes em minha mente e as vozes dos outros que me dizem: “Te acalma, menina, tudo acontece na hora certa e da forma como tem que ser”.
Acalmar não é de mim. Eu tô mais pra aqueles que botam fogo na vida.
A loucura divertida é carpe diem. A outra é niilismo. Parte de mim quer aproveitar o mundo. A outra acha que ele não passa de uma farsa. E que eu merecia mais. Ao passo que não mereço nada, uma vez que tenho sido somente uma grande e infinita bagunça.
Eu queria provar que sou melhor. E quanto mais eu tento provar, mais eu me reprovo em minhas próprias tentativas. Hoje eu estou presa aqui. Nessa loucura vil. Nesse espaço de tempo psicótico onde tudo o que eu quero é que algo aconteça e me tire da monotonia.
Tenho saudades da loucura carpe diem. Tenho alimentado a loucura errada por vários meses. Sinto saudades de quem sou quando não sofro, quando a pele não se arrepia porque tudo é ultraviolência.
Tenho saudades da loucura boa. Que me faz seguir em busca de novas loucuras, temperar os momentos com boas danças, boas gargalhadas, boas bebidas… Tenho saudades de quando soltava os ombros, de quando não tinha nada a perder. Era só eu e minha vontade de viver.
Hoje é niilismo. Chuva e delírios niilistas que me inundam. Drama shakespeariano e bossa de Vinícius. Um bom Caetano e boas mentiras sinceras que me interessam.
É o quase amor de todo dia. É a falta que sobra tanto. São minhas palavras pingadas num papel borrado. É o caos. A loucura vazia. A falta de amor em MG. O excesso de dor em somente ser.
São 28 tons de conflito em sentir.
Perdoe as minhas loucuras. Eu estou presa aqui.
“Veja o sol dessa manhã tão cinza
A tempestade que chega é da cor dos teus olhos
Castanhos
Então me abraça forte
E diz mais uma vez que já estamos
Distantes de tudo
Temos nosso próprio tempo”
(Legião Urbana – Tempo Urbana)
Camila Figueira
•4 anos ago
O texto em que mais me vi nele. Bom saber que não sou a única que alimenta a loucura ruim.
Ostra
•4 anos ago
De forma alguma, Camila! Você não tá sozinha em sentir, em se achar louca, em alimentar a loucura ruim… A gente acha que é o única pessoa perdida nesse mundo, mas não é não viu?! Pra mim também é bom saber que vocês se identificam, que assim eu também não tô sozinha nessas maluquices todas! Um dia a gente fica bem de novo! Um beijo. 😉