Às vezes fico me perguntando onde é que eu me perdi. Quando foi que eu me tornei essa pessoa insegura, com medo de não ser aceita, com medo da vida… Quando foi que eu passei a ter pânico das pessoas e essa vontade de me esconder debaixo da cama por alguns dias, quietinha, em silêncio. Às vezes eu queria dar pause na vida só pra tomar um fôlego…
Eu queria saber quando é que eu passei a temer abraços, proximidade, quando é que se tornou tão difícil conter as lágrimas e sorrir com verdade. Minha mãe diz que, quando criança, eu às vezes era como um cãozinho assustado, me escondia e me encolhia em seu colo de uma forma que era quase como se quisesse voltar ao útero. Ainda me sinto assim às vezes.
E é tão irônico que logo eu, que sempre fui uma perfeita atriz, tenho deixado transparecer tanto sentimento e tanta dor. Tenho conhecido tantas pessoas que me leem numa facilidade aterrorizadora. E eu costumo querer sair correndo pra fugir de tanta verdade. Outras horas eu queria que uma dessas pessoas chegasse, e ficasse.
Mas o que fica, sempre, são apenas as perguntas: O que é que você quer? O que é que você procura afinal? Qual é o seu sonho?
Eu queria saber as respostas pra essas perguntas. Eu queria fechar minha concha até ter alguma certeza na vida. Eu queria que minha cabeça parasse um segundo, um segundo apenas, e fizesse silêncio. Às vezes acho que nunca mais fez silêncio dentro de mim.
Eu me perdi… Logo eu, que sempre fui tão cheia de mim.
Não consigo achar o momento exato em que eu deixei de ser eu, e me tornei essa versão de mim mesma. Onde é que eu me perdi afinal? Onde é que eu deixei que a vida me estapeasse sem revidar, sem bater de volta?
Talvez abrir o coração seja o grande problema… Logo eu, que sempre tranquei o meu e abri o dos outros na maior facilidade. Parece que o jogo virou, não é mesmo? Mas nunca é tarde para virá-lo de volta, e eu sempre fui mestre nisso.
Eu queria saber onde é que eu me perdi pra nunca mais voltar lá. Nunca mais passar perto. Mas o que eu descobri é que eu sempre corro esse risco, porque eu procuro pelo caminho mais bonito. Eu me entrego. Eu amo primeiro e penso depois. Eu sinto primeiro e me endureço quando for demais. Eu to sempre ali, na linha tênue, porque eu gosto é do perigo. Eu gosto é do mistério até o final do filme, e eu não suporto não chegar até lá.
Mas uma hora a mocinha sempre acorda. E agora é hora de trocar de personagem!
“You might be a big fish
In a little pond
Doesn’t mean you’ve won
‘Cause along may come
A bigger one
And you’ll be lost!
Every river that you tried to cross
Every gun you ever held went off
Ohhh and I’m just waiting until the firing’s stopped
Ohhh and I’m just waiting ‘til the shine wears off”
(Coldplay – Lost!)
Robertha Gomes
•4 anos ago
O grande problema de se perder é não saber ao certo o motivo… Ou não querer aceitar esse motivo…
Belo texto. Parabéns
Ostra
•4 anos ago
Exatamente, Robertha! E a gente tenta, ao máximo, fingir que não sabe, mas os motivos estão sempre ali, beeeem pertinho da gente! rs.
Obrigada pelo elogio e por estar sempre aqui, tão presente!
Juro juradinho no dedinho que visitarei seu blog também! 🙂 :*
Um Cara Qualquer
•4 anos ago
E quem disse que um dia encontraríamos os caminhos certos no meio de tantas e tantas incertezas ?
Ostra
•4 anos ago
E será que existem realmente caminhos certos? Rs. 😉
Um Cara Qualquer
•4 anos ago
Desejo, então, que encontre o melhor caminho. 🙂
Ostra
•4 anos ago
Aí sim!!! rsrs… 🙂