Sentia calafrios cada vez que o via. Eu dizia para mim mesma: “Fique firme”. Mas o corpo bambeava e a sensação era de que eu iria cair. E eu queria me deixar ir.
As mãos suavam frio. Minha vista ficava turva. O mundo sumia, devagarinho. Os sons ficando longe. O cheiro tomando conta do meu olfato e me inebriando. Um buraco no estômago e parecia que eu ia desmaiar. Ou morrer. De mal súbito. (Mal súbito sempre combinou com o amor.)
Eu sabia que eu precisava de ar. Respirar longe para não pirar. Mas eu não tinha forças para me afastar. Eu não conseguia sair do lugar.
Sua visão me prendia feito uma pancada, me imobilizava. O estômago embrulhava, que parecia que tinham mil borboletinhas dançando ali, dando mordiscadas em minhas entranhas. Eu não sabia se era fome, dor ou um alien tentando combater meu próprio organismo. Mas era cilada, disso eu sabia bem.
A cabeça doía de tanto pensar em nós. Minha vista, cansada de olhar o mundo e não o ver. Eu sentia frio, calor, e meu corpo ardia como uma febre persistente de origem desconhecida. Sentia como se fosse impossível sair da cama e largar as cobertas. Sua ausência doía madrugada afora e me acordava, repetidas vezes. Alguns dias eu acordava sem saber se era sonho ou realidade.
Não era amor, era virose – eu tentava me convencer – vai passar. Porque era físico. Era emocional, mas era físico. E ardia… E eu não sabia o que era e como cuidaria. Ardia…
Não era amor, era virose. A resposta para as dores do mundo é sempre virose. É um senso comum, dito, palavra por palavra, pela sua voz.
E é cruel a comparação.
Virose é algo que te deixa sem forças. Virose te derruba.
O amor também.
Ps: Ainda bem que virose não mata. Aparentemente, o amor também não. ♡
“All the world has been uknown
It’s trying to catch me up
Tell me to appreciate here and now
Have I told you I ache?
Have I told you I ache?
Have I told you I ache
For you?”
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