Hey, garota, precisamos conversar!
Faz tempo que preciso falar com você e fico rodeando, adiando. Sinto que é uma responsabilidade grande demais falar com a tua bagunça do alto da minha.
Mas eu precisava falar pra você que vai ficar tudo bem. Bom… nem sempre vai estar tão bem. Agora mesmo tá tudo uma bagunça e você jamais imaginaria que vai passar por tudo isso.
Sabe, a gente tá isolado! Parecia loucura no começo. E agora parece que tá no começo de novo.
Parecia que ia durar pouco tempo, e a gente ia ter história pra contar. Mas agora parece que nunca vai acabar.
Eu sei, não tá fazendo o menor sentido né? Mas você sabe como a minha cabeça é confusa. E essa música… e esse vinho…
Ah, é! Você vai gostar muuuuito de vinho! E não desses docinhos que o povo toma tá?
Você vai gostar daqueles secos que você acha esquisito e que a tua tia toma e você nunca entendeu.
Talvez eu esteja rodeando de novo. É que eu tenho tanto pra te falar… Eu me lembro de você todos os dias da minha vida!
Eu queria estar ao teu lado pra te dizer umas palavras bonitas, te encorajar um pouco mais.
Eu queria te dar uma visão do lado de cá, porque eu sei que você sempre quis dar uma espiadinha no futuro. E olha, eu também! Isso não vai mudar!
Mas muita coisa vai! E eu só queria te contar…
Sabe, você vai viver muita coisa louca. Mas neste momento, garota, a gente tá vivendo uma das mais bizarras. Lembra todo aquele papo de peste e doenças infecciosas que te fazem viajar na maionese nas aulas de história e literatura? Você conhece o cheiro da França da peste bubônica sem nunca ter ido à França e nunca ter conhecido a peste bubônica.
Bem… a praga atual não tem cheiro. Não que eu saiba. Porque a gente tenta ficar o mais longe possível de qualquer risco. A gente não sai mais de casa. Quando sai, a gente bota máscara. Acho que você nem nunca viu alguém de máscara assim. É estranho. É ruim de respirar. Mas a gente tem tanto medo… Bem… Eu tenho medo.
São tempos estranhos, garota. Saídas raras ao supermercado, farmácia. As lojas estão fechadas. Os amigos estão distantes. A nossa família eu não vejo há 8 meses. Eu sei que você vai achar que não é nada. Mas um dia você vai crescer e vai perceber que isso é muito tempo sem dar um abraço na tua mãe e no teu pai. Sem ouvir as falazadas que eles contam. Sem tomar uma cerveja olhando pro mato bagunçado do quintal. Sem arrumar a mesa da cozinha quando o almoço tá pronto.
Você nem imagina como dá saudade de brigar com o chato do teu irmão que bota o copo de café embaixo do sofá e tudo espalhado na sala. Sempre ranzinza, e você, pra revidar, mais ranzinza ainda com ele.
Você nem imagina que você vai chorar por horas a fio só de ver tua irmã de longe. Bonitinha, lhe trazendo biscoitos em formato de coração, sem um abraço sequer. De longe. Porque temos medo…
Vivemos tempos de medo… Tempos de saudade… Tempos de excessos de nós mesmos… E esse é mais um motivo pra eu finalmente falar com você.
Eu não vou te abandonar.
Como você jamais me abandonou.
Aguarde notícias. Te escrevo novamente.
Com amor,
Você do futuro
Thais Mendes
•2 meses ago
Que lindo!!!!!❤️❤️❤️
É tão importante conversamos com nossa criança interior… Acolhê-la!🥰
Te amo!❤️
Lais
•2 meses ago
É verdade, né? A gente fica adulto, e parece que tudo o que a gente precisa fazer para viver de forma mais leve é acolher a criança que fomos! rsrs. Essa vida é mesmo louca, né? 😅😅
Sônia Maria Campolina Mendes
•2 meses ago
Ah, minha linda! Estou lhe aguardando, certa que estamos sempre lado a lado. Te amo…💗
Ostra
•2 meses ago
Estamos sim, mamãe! SEMPRE! Te amo! 💗