Você estava online, mas não estava comigo
Eu abria o aplicativo só pra ver seu nome ali, existindo. Mesmo que talvez não existisse mais nada. Eu queria que existisse. Então eu repetia o processo compulsivo diversas vezes.
Eu não sei o que eu esperava afinal. Mas eu queria ver se você estava online. Eu queria ver sua foto no cantinho da tela. Seu nome escrito da forma como eu o chamava. O que poderia mudar? Provavelmente nada. Mas era uma felicidade clandestina. A adrenalina que acelerava meu coração cada vez que a simples palavrinha aparecia: online.
Só que você estava online, mas não estava comigo.
Por muitas vezes eu escrevi mensagens que não enviei. Algumas vezes enviei pra outros, pra não falar com você. Algumas noites eu relia conversas antigas, tentando entender por que é que ficamos pelo caminho. Noutras, bêbada, eu ligava o foda-se e dizia algo. Vivia um leve arrependimento sempre que cedia… à saudade, à carência, à solidão, à você.
Eu beijei bocas aleatórias na tentativa de te suprir. Preencher a falta que ardia e me deixava sem ar. Eu dispensei afetos sinceros que me ofereciam, na esperança que você pudesse voltar.
O seu lugar estava guardado. E pra manter espaço pra você, eu ficava sem lugar pra mim.
Precisamos falar sobre não ser correspondido. Porque eu não era.
Se você quisesse estar comigo, você estaria. Se você quisesse falar comigo, você falaria. Se você quisesse me ver, você simplesmente viria. E se, por algum acaso, eu fosse correspondida, eu não ficaria olhando o “online” e esperando por alguma mensagem, eu apenas mandaria.
A verdade é que, quando a gente ama, a gente simplesmente vai. E eu nunca senti que você queria que eu fosse. Eu nunca senti que você iria comigo.
Eu esperava que você gargalhasse de coisas idiotas comigo. Mas você ficava sempre tão sério. Eu queria que a gente se aventurasse pelo mundo, mas você queria conforto. Eu queria te seduzir das mais variadas formas, mas você só queria dormir. Eu sentia que eu levava esse amor nos ombros, e eu realmente levava.
E se você me amasse como dizia, você jamais seria capaz de me ver sofrer e não fazer nada.
Mas, por um longo tempo, eu guardei o seu lugar. E devo dizer, ele tomava quase tudo de mim.
E não ter espaço pra mim, dói. E guardar lugar pra você, dói. E o amor que acho que mereço é maior do que esse. É mais bonito, mais intenso. Mais parecido com os filmes bobos da adolescência. Eu sei que parece que não existe, mas… quem sabe? Quem pode dizer que não, sem nunca ter tentado?
Eu tive que tomar meu espaço de volta. Afinal, você não parecia querer usá-lo mesmo, e tava ficando tudo meio empoeirado por aqui. Aprendi a dançar mais pra sacodir a poeira de um amor acomodado. Criei novos hábitos e me redescobri, muito mais legal, sem você. Soltei meu sorriso ao invés de prender meu olhar. Aprendi a calar todas as mensagens que eu não enviaria. Arquivei seu contato, pra não ver mais o seu rosto aparentemente disponível.
E agora pouco me importa se você está online, porque eu estou comigo.
“I miss you when I can’t sleep
Or right after coffee
Or right when I can’t eat
I miss you in my front seat
Still got sand in my sweaters
From nights we don’t rememberDo you miss me like I miss you?”
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